Brilham os ratos
e bordados nos sapatos
Brilham insetos
alimentando sapos
Zé Ramalho e Lula Côrtes
in "Noite Preta"
Uma casa de praia Que se preze
Além do mar obrigatório
Há que ter telas
Sintéticas e lagartixas
Nas janelas
Uns insetos
Bastante
Diante de luz
Amantes
Cegos e certos
Dos vôos frustrados
O que pretende camponês nesta cidade? Ter o
nome registrado, chamar-se Faustino e pertencer
a uma classe?
"Fausto! Questiona esse martelo
Observa o jardim, a destruição
Fica no campo afiando a foice!
Fica no campo afiando a foice!"
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No reflexo do sol, o espelho obscurece os olhos
e não muda nada. Daí o encantamento da sombra
acolhedora da poesia. Oremos!
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Na cozinha, a carne está exposta esperando. Com
óleo fervendo, serve de pasto, sangrando, morta e
servil ao moinho que a corta. Do telhado, as quatro
pás trituram, movidas pelo vento, a água. E promovem
a irrigação. O moinho tem mãos e nelas uma serva que
não custa nada. Roda pelo simples rodar das coisas feitas
para rodar, como o crucificado. O vendaval, este sim
inocente, mesmo assim varre a escada, deixa o sal que
o calor liquidificou na madeira pra soprar a coisa apodrecida.
O vento leva e não discrimina cheiro!
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O sangue do homem fertiliza o pequeno pensamento burguês.
Idéias e alimentos são retirados do luxo envoltos em papéis
obrigatórios para serem encinerados. No início era o Corpo!
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Depois vieram os trapos, arranjados às pressas. Sempre. Toda vez
que o modo de produzir as roupas desnudava o objeto.
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Há casas códigos & janelas em qualquer comunicado. A síntese
é uma mentira descarada ao afirmar-se filha da fome com a comida.
No início eram os meios! E tudo ficou realmente para depois ser
acertado. Após leitura de clássicos poeirentos, embutidos, enfileirados,
aguardando justificação para o significado de como comer dormindo
sem mijar no lençol imaculado.
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A casa de praia tem de contar com o supermercado da cidade e do
campo. A estrada berra seus preços acessíveis através das bananas
dadas e verdes. No início do tempo tinha o dia santo! A cara suja da
criança informa que a queimada adianta. Que das cinzas impressas
posteriormente surge um bocado de tipos assimilados. Esses putos!
O dinheiro. Quem coleciona a cara desses putos! No início eram
moedas de barro. Mesmo sempre moinhos!
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No início era o verbo! Intransidireto. O inseto que pousou na maçã
foi devorado junto com o fruto proibido. Da digestão de um sono
profundo, Deus pegou a Mater e gerou o Pai, masturbando-se diante
da sagrada família.
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Já de início aparece o resto. Na casa de telas nas janelas, a tradição é
mantida varrendo-se conchas mortas dos portais de entrada. Lá fora,
ficam os insetos. Como no Paraíso.