Poetas sem Fronteiras
Blogging in the Wind

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Indigno Blues ou o Insuportável Ricardo G. Ramos



"Le deséspoir est une
  forme supérieure
  de la critique"
         Léo Ferré


Livrar a trava do cão.  Matar o restinho do monstro
seio murcho da família.  O eterno noturno entre lençóis
da mãe disponível.  Repartir o michê com o menino
perdido no pó
Domar a droga do palavrório despercebido
no banheiro da academia

Assistir com Santa Impaciência depilação
de aranha adolescente e seu estilo normalista


Enfiar até os colhões

Reservar a tribuna de honra para os chatos
catados ao relento

Não passar o bastão.  Ainda

Um pé no acelerador,  o outro na pista molhada
O olho bom no andar térreo da ampulheta
Anotar o lugar do carneiro perpétuo
Jogar tudo no bicho-papão de Mishima 
O samurai sem pilha de gato

(Bairro da Liberdade.  Interior.  Festa.  Canhões de luz)

Ok Lady Day.  Play the game
Um puzzle.  Um quebra-coração
Um pulso de veias difíceis

Um pico de unicórnio descartável


Clique no link e escute o poema musicado por Löuis Lancaster da Banda Zumbi do Mato.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Os Portões da Abadia

                                                                                                     a MHAGS


Enquanto tu não me disseres
 Porei guardas nos portões  
Da Abadia

Construirei pontes na tua  

vergonha ancestral

Eu,  desfrutador de sombrias 

Colinas, reclamarei ser o primeiro

Lembra-te? Sou o das tuas dunas
 O que apagou o passado na areia

Plantou e arrancou a primeira semente
No leito da enfermaria
 
Agora serei o derradeiro feliz
A permanecer contigo
 
 A ocultar o que sempre
Saberei

Retiro das Pedras


no km 62 estrada do contorno
sol e lua dormem juntos

o artesão acordado trabalha
o material que traz
a notícia da ave

três meninas cuidam animais
no castelo de chocolate
do anjo

e o velho pescador
é amado pela visita

tubarões na piscina do grande
ditador apreendem
agitadores da água poluída

o mineral chega intacto
ao pintor pobre de palavras

Mare Nostrum


Porto de mar
retiro de pedra
do sol a solução química 
da dor

A agonia da água ela vai
e volta
renova nas amarras
o logramento do barco

No ataque ao rochedo
a espera é inútil na
baixa-mar

Somente vasos
sonham flores encharcados

A tinta pinta silenciosamente
por entre murais o astro
tardio e copiado da manhã

Bom dia!

Longe das nuvens o marulho
disfarça o céu
amordaçado

O homem morre ao pensar a água

Weekend

 
                                                                   
  O mais santo fim de semana
merece violência 

Dentro de tudo
devoluto
amarro seu pedestal
entre coxas congeladas

Os recônditos escondidos
eu linguo
provo detalhes de uma deusa grega

Eu vôo você nas costas
de um corvo amordaçado
Sempre mais
Sempre mais