Em Padre Miguel, Copacabana, na Laoinha,
bairro errado de Belo Horizonte, na cidade de
Bacabal do Amazonas, este Estado cuja estrada
terá muitas ruas. E repetição de Porto Alegre, do
mato verde & mitos metidos dentro do monte
escamoteado. A arte com as partes escolhidas,
que continuam a sair pela praia, junto dos
banhistas e salva-vidas, a arte escorrendo junto de
mim embalsamada, se esvaindo.
Aí ele se jogou no mar
Com a pedra nos pés
Tão certo que errado
Retornou à rua poeta
Como cadáver inflado
Tão cheio de si
Que esvaziou-se
Pra flutuando
Sacolejar-se
Das injeções de formol
Quando a rua salta e me deixa sentar em suas
beiradas, sei que vou sair sem sandálias. A cada
curva a rua avança sobre edifícios quase capotando
em cima de mim - que me limito contando postes a dizer,
é madrugada! Embora seja dia, em boa hora as pessoas
assustadas espelhem para o asfalto com pena de meus pés.
Quando a rua e eu estamos abraçados e chove, vamos
escorregando pois ela fica onde durmo, e cobre.
Numa ladeira longe da faixa para pedestres.
Como Sísifo e sua subida e sua trouxa. Exemplo:
tapar infiltração de limo no ralo do curral.
FORMOL. Ler na página passada que Sísifo se fode
mas que insiste no mito de pedreiro trabalhador. Reler
que no começo rasgou muito papel escrito junto da cama
estrutural. Reaver o fim da linha usada como meio do seu
cansaço - o morro de medo e. Acabou-se tudo! Estas palavras me fazem sentir mais embaixo, um pouco acima do senador nazareno, aquele que saiu voando com a minha pedra coroada na cabeça para me calçar e salvar.
Eu e a rua.
Que fomos embrulhados na inauguração da grande exposição celestial do poder inquisitorial de aquisição das santas almas. De tardezinha, sem ninguém ver, retornou novamente a retornar para sempre, chamando atenção
de um operário de volta da greve, entrando na fábrica,
como que desgarrado no puto partido francês.
Às vezes se pode saltar na rua e pegar ela andando.
Ao mesmo tempo. O cabra da peste argelino que ousou
morrer num semovente, para demontrar ab absurdo a eternidade do descanse em paz do deitar literário.
Ao mesmo tempo.
A guerra acabou ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo?
Nas castanholas e nos dedos. Não sonho mas tenho outros vícios.
O passarinho tece
O tapetão
O passarinho mexe
O paredão
Pro ovo fazer o ninho
Pro ovo fazer o ninho
Nas andanças eu li um filme sussurando uma
mulher que pacientemente se enche com cacos
de vidro para esperar o grito do amante embriagado.
Ao mesmo tempo escuto com ouvidos no chão,
na rua, e lá sei se sou de todo coração brasileiro.
Escute!
Quando se sai com a rua ela sai se escoando
com a gente ao mesmo tempo.
O pedágio do poeta!
Quando o que se tira
É o que se dá
A mais-valia rasteja
Em direção aos bueiros
Mesmo se o dízimo for um tempo a menos a
mim destinado, não aceito! Ao mesmo tempo
do relógio do juíz decidindo pelo poderoso, recuso
o tempo ao mesmo tempo!
Salvo quem se mata subvencionado por esta danastia,
o morrer não tem arbítrio nem formalidades.
Sigo deitado catando pedras portuguesas pra desfazer
desenhos geométricos. Tomo banho com os garis
cor-de-abóbora e me ensabôo com restos de cachorros
vagabundos. E ainda vejo as roupas do passado com a religião nefasta dos que se afastam dos meus pés encarcerados.
Assim mesmo acho graça sem Deus e não morro.
Me amarro e me visto
Apago listras zebradas
Do meio da rua
Eu uivo e vejo a baba
Nas costas do futuro
Ave! Que voa como um vizinho prestativo, sem outras preocupações além da fechadura da gaiola.
Voa meu companheiro!
Eu te trago com o cigarro
E te levo pro meu peito
Te sopro nas estrelas
E sigo montado domando
A máquina de escrever
Aos pulos e palavrões
Cuido da rédea pisando o estribo, pois estou
colado na rua que segue sorrindo na minha
frente, aceitando belos ratos e gatos fugidos das
grandes damas.
Os abraços me seguem alternados e pensam
que vou na direção do dinheiro guardado nos bancos da cidade. Os abraços me seguem alternados. Os abraços
congestionam.
Não pare, não pare!
Não fique parecido!
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