Poetas sem Fronteiras
Blogging in the Wind

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Um material de pesca




Se uma aranha aparecer entre os cogumelos de
um molho russo servido com requinte numa
reunião informal, aprecie a novidade, apenas
prove e sorria compreensivo. Com o tempo a 
digestão ensinará seus intestinos a não sentirem
nenhuma diferença e a normalizarem o esgar.
Você poderá continuar a discorrer sobre o 
assunto preferido do dia, ou da noite, independentemente
das repetições que, fique certo, ninguém observará.

Procure se convencer!

Certos tipos de inseto absolutamente não
aparecem em lugares dedetizados. Somente em 
praças públicas é obrigatória a imunização.
Baratas, por exemplo, não trafegam em aeroplanos,
por isso não são seqüestradas nem pagam
passagem pra poder circular nos canos de
plástico que substituíram os de chumbo, os de
madeira da antiga maneira de conduzir o alimento:
sua comida. A outra alimentação não perturba a ordem.
Como você está vendo, refere-se à entomologia, onde
cada lugar é um inteiro edifício de uma sociedade
feita em pedaços, cujas fibras, as maiores, já têm o tecido
pronto para vestir os corpos que servem de adubo.

Nunca chegue adiantado!

Batendo o ponto em relógios eletrônicos, ou
sendo calcados os dedos, os que ainda possuem,
os polegares marcam os papéis timbrados no registro civil.
São computados em pilares para garantir a constituição
de um dos lados, embora sem saber qual o naco da pirâmide
deve ter prioridade a fim de manter a geometria do burocrata intacta.

Se uma aranha aparecer na comida, agache-se, procure
estudar a teia entre os pés da mesa e não olhe os sapatos.

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