Poetas sem Fronteiras
Blogging in the Wind
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Vox Populi
Deus não ajuda
A quem cedo madruga
Porque a vida
Das coisas dadas
Prontas e tabeladas
Interessa ao rei e à rainha
Daí toda a ladainha
De uma maneira ou de outra
Quem tudo quer tudo vai ter
É só querer
Prestar atenção
Ao osso
Ao cão
Que ladra e que morde
O calcanhar do pé embotado
O dinheiro não traz
Faz
A felicidade dos últimos
Dos primeiros locadores
Nas casas de banha dos
Poucos que comem muito
O salário empobrece o homem
Em terra de reis cegos
A visão é clandestina
Intestinal
Mina a riqueza do castelo
Rouba da virgem menina dos olhos grandes
O pássaro inerte na mão
Está morto
Não pode voar
Valem mais os do alto
Os do assalto
Tecendo ninhos
Nas montanhas nas florestas
Nas cidades e nos campos
Aos trancos e barrancos
Aos trancos e barrancos
Antes nunca do que tarde
Com o alarde
Da vida tudo se leva
Com aço
No tempo e no espaço
Quem espera não alcança
14.08.1970
quarta-feira, 20 de junho de 2012
O Retrato de Wilson Grey
Tempo
É apenas um risco mínimo
Cortado de ontem pra hoje
Na epiderme da minha cara
Uma linha em torno do olho aberto
Simples e bastante enquanto vestígio
Um ríctus branco irregular
Paralelo de outra cicatriz
Que aumentou com a idade
Lembrando a dentada do cão
Apenas uma calha de carne
Para a lágrima correr eventual
E secar e esquecer no lugar certo
O sal do desfiladeiro
Como advertência à felicidade
Apenas e somente apenas um risco
Meandro sem margem no meu rosto
Escutando adiante a queda brusca
Que impulsiona absurda espera
Ao encontro da represa principal
Um risco
No meu retrato de vidro
Assim como se fosse uma rua
No sorriso de Dorian Gray
Diferencial de plantação
Pra descobrir o canavial
Plantado no pau-brasil
Às vias doces e válidas
Chupadas ao relento
Juntai um conhecimento
Arrebenta a cortina de fumaça!
Puxa! Banzai! Vai!
Curtir contra o couro de cobra
Esquenta!
A cana dos coitadinhos
ativa plantação sem sativa
salivando encoberta na prisão do
ventre livre
sem flores de apartamento
melado de encarcerado
sem vento pra respirar
E o parque do sonho poluído
Produzindo o preso e o teso sem criação
Então fuma criando. Arrebenta!
As fábricas dos king size celofane
A pane da nota americana
Ardendo o pulmão das bananas
Em agonia cíclica
elo de uma cadeia ciclópica
pulsão de cuspo-mais-valia
mania de custo no chão de petróleo
do auto embandeirado
cigarro tragando a sobra do escarro
empacotado escarro das farmácias
Arrebenta a cana alcoólica!
O fazer de estradas
O subsolo da Amazônia na cheia pererê
Transbordando o sangue do mangue
Tipo tupi-guarani
Com monstruação eletrônica
Longe daqui...
Separe a pilúla distribuída
Deixe a quimíca esquizotímica
O laboratório de vida
Desligue o vídeo a vizeira
Conserva a guimba
Vinga inteira sobre o luxo
Do macho sustentador
Acha a flor mata o vegetal
Ama. Deixa de ser o tal
Acha e desenvolve o acontecer
Lê o cano do revolver do mocinho
Descola a página entre duas páginas
Do bang bang no jornal
Vê o sol enxague e sensual
Acende!
A escuridão com acerto
Morde a merda dos baleiros cinematográficos
A bala é velha dura crua e benta
Fumancinha não arrebenta!
domingo, 3 de junho de 2012
Hades e Persephone
Para Silvia D.
Quando
tudo estiver mais calmo
tudo estiver mais calmo
as árvores e os frutos
pintados de vermelho
te esperarei como sempre
no sofrimento da véspera
bem diante de um grande dia
Te endeusarei ali
Te esgotarei ali
Até a
última gota
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