Deus não ajuda
A quem cedo madruga
Porque a vida
Das coisas dadas
Prontas e tabeladas
Interessa ao rei e à rainha
Daí toda a ladainha
De uma maneira ou de outra
Quem tudo quer tudo vai ter
É só querer
Prestar atenção
Ao osso
Ao cão
Que ladra e que morde
O calcanhar do pé embotado
O dinheiro não traz
Faz
A felicidade dos últimos
Dos primeiros locadores
Nas casas de banha dos
Poucos que comem muito
O salário empobrece o homem
Em terra de reis cegos
A visão é clandestina
Intestinal
Mina a riqueza do castelo
Rouba da virgem menina dos olhos grandes
O pássaro inerte na mão
Está morto
Não pode voar
Valem mais os do alto
Os do assalto
Tecendo ninhos
Nas montanhas nas florestas
Nas cidades e nos campos
Aos trancos e barrancos
Aos trancos e barrancos
Antes nunca do que tarde
Com o alarde
Da vida tudo se leva
Com aço
No tempo e no espaço
Quem espera não alcança
14.08.1970
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