Poetas sem Fronteiras
Blogging in the Wind

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Réquiem para Caim


                                               Para Léo Vitor
                                               ("Leo the last")


Eu vim aqui
Com uma dúzia de rosas
Pra te perdoar, Abel!

Matei naquela noite
E não te desculpo nesta tua morte
De irmão morto assemelhado
Pois temos os lábios cortados
No sexo de nossa mãe

Eu vim aqui
Com sete morcegos de bronze
Pra te habitar, Abel!

Eu sou convicto na tua caverna
Onde repouso verticalmente
Ao lado do pulmão arrancado
Até que teu sopro bondoso
Me sopre de novo o inferno

Eu vim aqui
Com tantos frutos colhidos
Quantas são as flores da campanha
Pra te amar, Abel!

Aqui dormirás comigo 
Bem escondido no teu peito
Quando aqui ficaremos banidos
Pelo mal da eternidade


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Vomiting Veronica


A musa do Drunkstein


Roteiro ou pesadelo
Da sala e de espera
Por um real movimento
E que em primeira página
Apenasmente é manchete

     Faz-se escrito com mangue
Que vai indo. Vai rindo
No canil da monarquia

Faz-se visto para a rainha
    Que veste luva de renda branca
Emprega cirurgiões plásticos
Torturadores impunes.



O livro é dívida de barulho
Pela camisa listrada

Detonação conotada
Quando sonhou e acabou coitado!

Acordando a cantilena plena
Do auxiliar das quatro linhas
- babaca do bandeirinha
Respondendo ao fogo de vinte e dois

Bruscamente 

Pelo telefone, não há tronco
Madrigal escolar à minha valquíria
Reforma conjuntural

Chegança morreu!?
Ah! Incineraram o cavalo
Numa exclamação de leitura
Pelo vão quebrantamento?
Ah! Tristão!
Agora se entra na dança
Ou se segura o motorista

O livro é o momento
De visita ao cemitério
Enfeitado de flores violáceas
Para os mortos
Onde discussões acrílicas
Recusam o esteticismo
Ali no meio
Selecionado e insone
Pra dividir a mensagem da elegíada
Sem importância como o cafezinho

As mulheres são marias
Do mês dos mares e dos desmaios
Despidas madrigalescamente
Com luto fechado de homem
Dentro das conchas e salgado

O index é um livro gregoriano
De canto latino e jornal:
Panis et circensis
Vox Populi
Idos de setembro
Dissonância de fascinação

Foram-se os três sorrisos
Num dos cinco continentes
Em mil tons de poemas
E pássaros feitos de palha

Mas voaram numa ilha
Fazendo ninho num porto
Diferenciando a plantação
Calada na boca do corvo

O livro é a apreensão do real
Como se a máquina 
Em minhas pernas
Batesse literalmente

Epílogo de tantas folhas 
Forrando o sono da mulher-estrela
Na casa das pedras numa esteira
De uma pirâmide a ser invertida

Que entre pra ecologia!
Não morreu e nasceu
Nas teclas acorrentadas
Aos abraços do calendário