Poetas sem Fronteiras
Blogging in the Wind

domingo, 16 de setembro de 2012

Carta ao desespero

 
 "A nossa única esperança 
são os desesperados"
Bakunin 
apub Marcuse


Não perturbe!

Não vivemos um estado de intolerância. Não afligimos nossos músculos por xenófobos. Não derramamos ira ou raiva por sentidos menores que individualizam a luta ou que interferem no compromisso coletivo de respostas. Não transportamos nossos vazios para a incompetencia em administrar para cupins e formigas. O que importa é que seja aceito o direito de defesa a todos os homens que estejam em momentos de combate. Nossas respostas são desígnios da realidade que ora se apresenta como trágica. Queremos o lirismo, não romanceado por belas épocas, mas marcado pelos dentes expostos nos belos risos que o dia e a noite neste campo de preservação do viver permite às poucas bocas que aqui estão a habitar.

Digamos não! Sim. Digamos não! Mil vezes se necessário. Mil vezes mil vezes mil. Aqui não é querer que se faz como transformador.

Acordar sem portas fotossensíveis que despejam frio involuntário nos ombros passantes. Ver maquiados hóspedes e funcionários que se congelam no tempo como seres internacionais com padrão superior ao nada. Preciso de risos. Ria! Afinal, meu caro terráqueo, sua casa não é nossa casa. Se amas como dizes este país, aproveita para aceitar sobre o que é "amar o Brasil".

O mundo é desejoso de tranquilidade. E você como ser internacional deveria espalhar-se com mais finesa e sensibilidade, evitando que inúmeras pessoas vejam-te como equivocado.

Quanto aos programas que tens como sociais ao objetivar investir todo lucro nesse excelente mercado publicitário da carência humana, fique tranquilo! O mundo é muito grande e pobre. Isso permite sugerir-lhe que não faltarão bocas famintas, crianças analfabetas, menores de ruas, mulheres violentadas, vítimas de guerras, fome, miséria, aids, sede. Como também não faltarão, acredito piamente, ilustres seres internacionais que possam desfrutar do charme e do luxo dos seus castelos. Mas o que isso importa se um gringo tem dinheiro para emprestar ao planteta com suas valises e caras que não fazem qualquer falta na vida dos pobres sujeitos do mundo pobre. Somos pobres e vocês corsários que patinam a centenas de anos na ridícula história do dinheiro como estamento do poder. Acorda! Deste lado ninguém está vivendo na escuridão para que suponhas merecedor do dom da luz. O que se pensa aí sobre as pessoas que vivem por aí é semelhante a você? Mundos paralelos que se encontram no infinito. Pergunte.

Dizem que quem espera sempre cansa. Ou então os diamantes são para a natureza. Não são para figurar sobre ruínas provocadas por pretensão vestida de alegoria em desejos de maravilhas que não existem aí.

Importa dizer adeus.

Apub 
Fabio Gomes 
e moradores signatários

Hotel Santa Teresa, Rio, 29 de abril de 2004

(Fachada do antigo Hotel Santa Teresa)



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