Para M.
Avistando-se de longe
Parece um porto gaulês
Pela quantidade de bandeiras fincadas
E a tez escura das nuvens no céu de anil
Pouco a pouco e de perto, não é um porto gaulês
Vê-se logo. Não é nenhum porto
Embarcações frágeis tentam encostar
Ao longo da ponte ameaçadora
Outras maiores vêm e vão pelo cais
Testando a força dos pilares do concreto armado
E das cordas de nylon jogadas pelos marinheiros
Enquanto seu barco negro balança
Um pescador arranca-lhe a vela. Aporta
Deixa-se ficar com a faca na mão
Calmamente atira pra longe lascas prateadas
Contorna a carne de uma mulher de madeira
- uma pequena sereia de seio farto, escama dura
E olhos lunares cheios de água salgada de tanto chorar
Quando se completam com as ondas violentas do seu amor
Silêncio!
Eles se atiram no mar!