Poetas sem Fronteiras
Blogging in the Wind

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O Porto

Para M.


Avistando-se de longe
Parece um porto gaulês
 
Pela quantidade de bandeiras fincadas
E a tez escura das nuvens no céu de anil
 
Pouco a pouco e de perto, não é um porto gaulês
 
Vê-se logo. Não é nenhum porto
 
Embarcações frágeis tentam encostar
Ao longo da ponte ameaçadora
Outras maiores vêm e vão pelo cais
Testando a força dos pilares do concreto armado
 
E das cordas de nylon jogadas pelos marinheiros
 
Enquanto seu barco negro balança
Um pescador arranca-lhe a vela. Aporta
Deixa-se ficar com a faca na mão
Calmamente atira pra longe lascas prateadas
Contorna a carne de uma mulher de madeira
 
- uma pequena sereia de seio farto, escama dura
E olhos  lunares cheios de água salgada de tanto chorar
Quando se completam com as ondas violentas do seu amor

Silêncio! 
 
Eles se atiram no mar!

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