Poetas sem Fronteiras
Blogging in the Wind

sábado, 24 de agosto de 2013

Soeur Vaseline










                                                                                                                                         A Luis Buñuel 
                                                                                                                                                30 anos
                                                                                                                                       29 de julho de 1983


Santa Sé sólida
Usa e lambuza o dedo
De Deus doido
Entre pelos pudendos

Lábios costurados 
Por espinho e prece
No Jardim das Oliveiras
A madre celebra em si
O Santo Ofício

Side by side
Sade, Safo e Salomé
Rolam a cabeça do Beato

O olho grande do sino
Reclama aos céus
Providência

Mais rápido!
Mais rápido!



Assista ao filme pornô Souer Vaseline, copie e cole o link no seu navegador http://www.dailymotion.com/video/x11hvic_soeur-vaseline_news

sábado, 3 de agosto de 2013

Insone

Paul Delvaux (1897-1994) 
Para H. 



Queimando o chão em que pisa
Inesperada e áspera 
Vem nua de repente
Lisa na minha mente

Quente a voz rouca fanhosa
Melosa na boca rasgada
Violenta a imaginação

Avisa ausente 
Um som de ensino insolente
Dentro dos olhos-promessa

Brisa apressada
Que não precisa a hora
Da madrugada passada a limpo

E pressinto absorto no seu corpo
Entre os lençóis abusados

Frio orvalho trilhando atalhos
Em meu sexo molhado
No calor de uma noite de sol

Prólogo


"Em vida,
eu jamais teria sido tão cortês,
tal era o meu desejo de sobressair."
Dante Alighieri - Purgatório Divina Comédia 
(1265 // 1321) 


A gente morta
A fome e o pé descalço
O revólver o pé descalço
- A conjuntura

A gente morta
A fome o pé descalço
O revólver e o pé 
- A transição


 Rompeu-se o alicerce
A aranha já não mais tece

Na roda-terra é dia
De cabeça pra baixo
Parou
Na lama no sangue

Ah! Os pulhas que se arrumem
Uns aos outros se atirem
Nunca ninguém soube nadar
Só rezar comprar
Olhar olhar olhar

Apodrece sem água 
O vegetal insepulto
Nem choro nem flores
Nem nada vela
O cadáver insuportável

Na explosão de vermes atônitos
Forma-se a última coluna
- batalhão agora incerto

Dois a dois

Rompeu-se o alicerce
A aranha já não mais tece

No sino de bronze
A reza oficial 
Grita:
O fogo alto
Fumaça espessa
Asfixia

Lá o calor é eterno
Amém!
Todos para a eternidade!

E a canalha desfaz-se
Vira pó

No sol vivo atômico
Vale menos que um vômito
Presos numa poça só

Dois a dois

A cinza negra desenha
Eleva-se poluidora
O quadro do museu tropical

Le Bonde

O Êxtase de Santa Teresa (detalhe)
Bernini - 1647-1652



C'est extra

Mulheres de Santa
Protestam nos trilhos

Da ferrugem
Do descaso
 
Espiados por São Tomé
O crente místico voyer

Pequenos (médios) grandes lábios

Pedem estribos
Pelas ladeiras

In virgini veritas

Perdem estribeiras