Poetas sem Fronteiras
Blogging in the Wind

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Engarrafado em Santa Teresa

                                                          

                                                      by appointment to
                                                       Her Majesty The Queen



Para outros reinos e possessões Rainha será sempre,
pois longo e alegre seja o destino de Vossa Majestade,
meu grande amor.

O medo que diz ainda rondar o augusto Castelo
da Aranha não me pertence mais. É de sua exclusiva
teia metafísica. Escute a Rainha-Mãe:
Quanto a este pobre Príncipe Semsorte, serve-me ainda
na pele seu nobre brazão, semeando no meu corpo
a safra de sofrimento desses dias e minutos medievais.
E nesse horror inenarrável, assisto ao Santo Ofício
do Fogo lamber a plenitude e ao contraste da minha real
paixão:

O não-acabado!

Descanse, Rainha do meu desejo! Não renascerei 
das cinzas como pássaro mitológico. Nunca mais!
Participo um parto aberto à visitação pública.
Apenas.

Bem-vinda toda essa dor mal-alojada num ventre
de homem.

Bem-vinda!







Jogo de Bicho



Noite na floresta

O lobo lambe
lembranças de amor

Aguarda o luar

Na clareira 

Iluminado

Desfilará linda
pele de cordeiro

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Macramé

  para Annie Rottenstein


Rompeu-se o alicerce
a aranha esquece a teia
no seio da tecelã

No enlace, suave como um abraço
um nó
              Fácil de tirar

Do teto à terra
a parede de algodão
assombra a visão de Deus

Enroscadas no bambu
cordas falam cobras e lagartos

Na procissão, outro nó
úmido como um pelo na pia

O nó
ciúme único da viúva negra

O vento que sopra das bocas
promove a fresta embandeirada