Poetas sem Fronteiras
Blogging in the Wind

domingo, 14 de outubro de 2012

Bondage




Em torno de tornozelo
bilhas coloridas

Ainda o noturno
eclipse de você

No peito apertada
a expectativa do caos anunciado

A velha novidade
diante de atados
seios respeitáveis

domingo, 23 de setembro de 2012

Manchete

Rembrant



Era um homem importante
Desses que cortam as bocas
Por baixo dos dentes agudos
Que cospem apenas pra baixo
Invertem, colorem com ácido 
O espelho se necessário

Era um cadáver barato
Desses que somem na noite
Por dentro do dia chuvoso
Que lava seu sangue rápido
E tira da vista do tímido
A identificação secundária

Era um esqueleto pequeno
Desses que morrem no morgue
Por cima de cama estrangeira
Que antes de limpo no mármore
Velado com muito cercado
Transforma-se em capital


Animal Liberation Front



Sacrossanta e viborova
A polaca possui o poeta
Numa câmara de gelo

Supra-sumo Sacerdote!

Rhesus Christ Superstar!
        Ora pro nobis




domingo, 16 de setembro de 2012

Carta ao desespero

 
 "A nossa única esperança 
são os desesperados"
Bakunin 
apub Marcuse


Não perturbe!

Não vivemos um estado de intolerância. Não afligimos nossos músculos por xenófobos. Não derramamos ira ou raiva por sentidos menores que individualizam a luta ou que interferem no compromisso coletivo de respostas. Não transportamos nossos vazios para a incompetencia em administrar para cupins e formigas. O que importa é que seja aceito o direito de defesa a todos os homens que estejam em momentos de combate. Nossas respostas são desígnios da realidade que ora se apresenta como trágica. Queremos o lirismo, não romanceado por belas épocas, mas marcado pelos dentes expostos nos belos risos que o dia e a noite neste campo de preservação do viver permite às poucas bocas que aqui estão a habitar.

Digamos não! Sim. Digamos não! Mil vezes se necessário. Mil vezes mil vezes mil. Aqui não é querer que se faz como transformador.

Acordar sem portas fotossensíveis que despejam frio involuntário nos ombros passantes. Ver maquiados hóspedes e funcionários que se congelam no tempo como seres internacionais com padrão superior ao nada. Preciso de risos. Ria! Afinal, meu caro terráqueo, sua casa não é nossa casa. Se amas como dizes este país, aproveita para aceitar sobre o que é "amar o Brasil".

O mundo é desejoso de tranquilidade. E você como ser internacional deveria espalhar-se com mais finesa e sensibilidade, evitando que inúmeras pessoas vejam-te como equivocado.

Quanto aos programas que tens como sociais ao objetivar investir todo lucro nesse excelente mercado publicitário da carência humana, fique tranquilo! O mundo é muito grande e pobre. Isso permite sugerir-lhe que não faltarão bocas famintas, crianças analfabetas, menores de ruas, mulheres violentadas, vítimas de guerras, fome, miséria, aids, sede. Como também não faltarão, acredito piamente, ilustres seres internacionais que possam desfrutar do charme e do luxo dos seus castelos. Mas o que isso importa se um gringo tem dinheiro para emprestar ao planteta com suas valises e caras que não fazem qualquer falta na vida dos pobres sujeitos do mundo pobre. Somos pobres e vocês corsários que patinam a centenas de anos na ridícula história do dinheiro como estamento do poder. Acorda! Deste lado ninguém está vivendo na escuridão para que suponhas merecedor do dom da luz. O que se pensa aí sobre as pessoas que vivem por aí é semelhante a você? Mundos paralelos que se encontram no infinito. Pergunte.

Dizem que quem espera sempre cansa. Ou então os diamantes são para a natureza. Não são para figurar sobre ruínas provocadas por pretensão vestida de alegoria em desejos de maravilhas que não existem aí.

Importa dizer adeus.

Apub 
Fabio Gomes 
e moradores signatários

Hotel Santa Teresa, Rio, 29 de abril de 2004

(Fachada do antigo Hotel Santa Teresa)



quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Réquiem para Caim


                                               Para Léo Vitor
                                               ("Leo the last")


Eu vim aqui
Com uma dúzia de rosas
Pra te perdoar, Abel!

Matei naquela noite
E não te desculpo nesta tua morte
De irmão morto assemelhado
Pois temos os lábios cortados
No sexo de nossa mãe

Eu vim aqui
Com sete morcegos de bronze
Pra te habitar, Abel!

Eu sou convicto na tua caverna
Onde repouso verticalmente
Ao lado do pulmão arrancado
Até que teu sopro bondoso
Me sopre de novo o inferno

Eu vim aqui
Com tantos frutos colhidos
Quantas são as flores da campanha
Pra te amar, Abel!

Aqui dormirás comigo 
Bem escondido no teu peito
Quando aqui ficaremos banidos
Pelo mal da eternidade


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Vomiting Veronica


A musa do Drunkstein


Roteiro ou pesadelo
Da sala e de espera
Por um real movimento
E que em primeira página
Apenasmente é manchete

     Faz-se escrito com mangue
Que vai indo. Vai rindo
No canil da monarquia

Faz-se visto para a rainha
    Que veste luva de renda branca
Emprega cirurgiões plásticos
Torturadores impunes.



O livro é dívida de barulho
Pela camisa listrada

Detonação conotada
Quando sonhou e acabou coitado!

Acordando a cantilena plena
Do auxiliar das quatro linhas
- babaca do bandeirinha
Respondendo ao fogo de vinte e dois

Bruscamente 

Pelo telefone, não há tronco
Madrigal escolar à minha valquíria
Reforma conjuntural

Chegança morreu!?
Ah! Incineraram o cavalo
Numa exclamação de leitura
Pelo vão quebrantamento?
Ah! Tristão!
Agora se entra na dança
Ou se segura o motorista

O livro é o momento
De visita ao cemitério
Enfeitado de flores violáceas
Para os mortos
Onde discussões acrílicas
Recusam o esteticismo
Ali no meio
Selecionado e insone
Pra dividir a mensagem da elegíada
Sem importância como o cafezinho

As mulheres são marias
Do mês dos mares e dos desmaios
Despidas madrigalescamente
Com luto fechado de homem
Dentro das conchas e salgado

O index é um livro gregoriano
De canto latino e jornal:
Panis et circensis
Vox Populi
Idos de setembro
Dissonância de fascinação

Foram-se os três sorrisos
Num dos cinco continentes
Em mil tons de poemas
E pássaros feitos de palha

Mas voaram numa ilha
Fazendo ninho num porto
Diferenciando a plantação
Calada na boca do corvo

O livro é a apreensão do real
Como se a máquina 
Em minhas pernas
Batesse literalmente

Epílogo de tantas folhas 
Forrando o sono da mulher-estrela
Na casa das pedras numa esteira
De uma pirâmide a ser invertida

Que entre pra ecologia!
Não morreu e nasceu
Nas teclas acorrentadas
Aos abraços do calendário